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19.5.08

Foto de Casamento - "Vale a Pena Ler de Novo"


Sem brilho. Sem glamour. Apenas mais um na cidade grande. Em um quarto mal arrumado. Roupas jogadas por toda à parte. Sua profissão é tirar fotos. A sua especialidade é casamento. Praticamente uma profissão em extinção, diga-se de passagem.

Dia cinza. O sol molhado e encardido de tanta umidade. Júlio se sente entrosado com dias assim. Praticamente seu reflexo. Sai de casa e vai a rua procurando alguma exclusiva boa para vender a jornais e revistas. Quem sabe algum furo de reportagem. Porém para ele a sorte nunca aparece.

O meio-dia chega rápido. A fome acompanha o relógio. Senta-se no primeiro bar que encontra. E avista na outra mesa seu amigo dos velhos tempos, Carlos!

-Como anda cara?!

-Tentando sobreviver da fotografia. Mas o que mais rende são fotos de casamentos ainda...

-Sério?! Então você vai ter mais um casamento pra fotografar!

-Como? Qual?

-Estou me casando nesse fim de semana com a Marta

-A Marta?!

Essa noticia o atrapalhou mais um pouquinho. Marta foi sua paixão ardente no passado. Aquela situação de vida pela qual esta passando é em grande parte culpa de Marta. Após se separar dela, vendeu apartamento, carro e a alma.

-Então aceita tirar as fotos do casamento?

-Hã..Hã.. Sim sim... com todo o prazer.

-Eu faço questão de lhe pagar bem pelo serviço.

Júlio sai tenso do local. Nem almoçar conseguiu. Ficava imaginando como agir na frente da sua musa. O que aconteceria, queria parar de pensar.

O dia do casamento chegou. Penteou o cabelo bem, colocou seu melhor perfume. As mãos suadas e tremulas o incomodavam. A boca a cada segundo passado secava mais. Fechou a porta e desligou a luz. Direção igreja...

Logo ao chegar na igreja Carlos corre em sua direção. Avisa-lhe sobre um detalhe importante. “Tem que tirar fotos da noiva dentro do carro, chegando aqui”. Mais problemas. Ficar só ao lado de Marta. Loucura.

O dinheiro era bom. Ele precisava e não negou o pedido. Entrou na limusine e foi até a casa dela, para a levar ao casamento.

A porta se abriu. A perna direita, bela e definida, firmou o solo do carro. Em seguida desceu o resto do escultural corpo, até encontrar-se totalmente dentro do veiculo. O coração de Júlio já não batia, pulsava na intensidade de um animador de auditório do Silvio Santos.

Agora é o auge. É esse o momento do êxtase geral. É o instante onde Marta olha pro fotografo. Pela sua face de choque e alegria misturados. A lágrima escorreu e levou a maquiagem vestido abaixo. E o beijo veio ao natural. O beijo veio ao natural e a evolução do beijo foi forçadamente inspirada por anos de angustia.

O casamento foi consumado pelo fotografo. Na limusine. Ou melhor dizendo, o casamento foi consumido, já que deixou de existir. Os dois pediram para o motorista leva-los até uma cidade que ficava a 100km dali.

Júlio continua tirando fotos de casamento. Agora acompanhado de Marta. E o Carlos... bem o Carlos tirou as fotos do casamento do Júlio.

FIM

3.2.08

Reflexo Imaginário - "Vale a Pena Ler de Novo"


Na rua Dr. Boa Morte morava Breno. Antes de qualquer coisa vou caracterizar esse rapaz para todos. Ele tinha cabelo negro e mal penteado, se vestia de forma ultrapassada e era gago. É ele era gago! Poucas historias onde gago é o personagem principal, não é mesmo?! Voltando ao que realmente interessa... ele tem 30 anos, mesmo aparentando no máximo 20. Frágil e rosto sempre bem barbeado. Trabalha como carteiro, a mais ou menos 5 anos. Não tem muitos amigos (para não dizer nenhum).

Numa terça-feira o desajeitado sujeito desce do ônibus e vai entregar suas cartas. Entra em uma ruazinha estreita. Casas simples e lindas. Jeitinho de cidade do interior. Quando olha para o endereço ao qual a carta se remetia percebeu algo estranho...

O nome era o seu! Nesse momento fica espantado, e acelera o passo. Chega a frente da residência do suposto “ele mesmo”. Bate palmas e nada de aparecer alguém. De repente um vulto!

Vou voltar um pouco no tempo, para melhor entendimento. Na terça-feira anterior, para ser mais exato. Breno vinha caminhando após mais um dia exaustivo de trabalho. Avistou do outro lado da rua aquela beleza sem limite “flutuando” pela calçada. Era Margot, 25 anos, secretaria do prefeito. Ela não tinha papas na língua, mulher decidida e firme, porém de família pobre nunca conseguiu ter bons estudos, e assim poucas chances profissionais. Seu emprego com o prefeito deve-se mais a sua beleza sensacional.

Pois bem, Breno escolheu quebrar sua timidez e tentar uma aproximação com Margot.

Aproximou-se e:

-Vo-vo-vo-vo você... ta-ta-ta-ta ta bem?!

-O que que é?!

-É que e-e-e-eu so-soso-sou gago, e es-es-tou ne-nene-nene-nervoso.

-Áááááá... que bonitinho...

Foi nesse instante precioso. Esse momento único. Passa o lutador de muaitai e comedor de granola, Jorjão.

-Que que é princesa, esse gago idiota ta te atrapalhando?!

Logo após acabar a pergunta Breno voa no pescoço de Jorjão. Incrível a reação do pequenino homem! Embora toda a beleza da ação, nós sabemos que existe a reação, e posso afirmar que não foi nada legal o desfecho dessa briga.

Sexta-feira, UTI lotada. No quarto número 122 estava alguém com hematomas gigantescos, e na ficha o nome era Breno Garcia. Realmente apagou. Só conseguiu abrir o olho nessa sexta-feira. O médico afirmou, “você recebe alta hoje”, “vá para casa e só volte a trabalhar terça que vem”.

Tonteiras e sensações estranhas. Não se sentia 100% recuperado. Como morava sozinho, se auto sustentava e assim precisava trabalhar de qualquer modo. E é justamente neste momento em que a historia se reencontra.

A carta com seu nome, a casa sem ninguém e de repente o vulto!

Virou-se e viu o que mais temia naquele instante! Era... um cachorro! Sim, o pesadelo de qualquer carteiro! E correu, correu, correu...

E foi no pânico que constatou que gago perde a gagueira no desespero. Nada tão relevante, nessa altura do campeonato foi só o que ocorreu em sua simples cabeça.

Entrou pátio adentro, pulou uma mesa e viu a porta aberta. Não pensou duas vezes, e entrou. O cachorro passou reto e acabou desistindo de atacar. Foi então que percebeu a “H”agada de ter entrado naquela casa! Uma escuridão, e o mistério do nome na carta ser o seu, ainda atacava mais o seu emocional. Sinistro!

A luz liga-se quase automaticamente sua entrada na casa. A escada a esquerda começa a ranger. O suor escorre por sua face. Ele já consegue enxergar a perna da pessoa que desce lentamente. Alias uma perna bem torneada, e com coxas firmes como um zagueiro central. E a hora de saber quem usa seu nome, já que estava na carta o nome completo “Breno Garcia Lopez”, chegava.
Cabelos longos, claros, corpo perfeito. Mirou o seu rosto e a surpresa foi gigante.

Margot!!!

Sim, era a própria Margot. A musa, secretaria do prefeito.

-Po-porque você usa me-meu no-nome na c-a-rta?

-Porque eu queria chamar sua atenção. Imaginei que isso te assustaria, e faria tu entrar de algum modo aqui. Claro, não imaginei que partisse do cachorro esse grande empurrão.

-Ma-ma-mas porque?!

-Gosto de você! Algo forte me apunhalou quando te vi na terça passada. Acho que o amor a primeira vista realmente existe. E como trabalho com o prefeito, consegui descobrir seu nome completo e profissão. Assim foi só bolar um plano para me aproximar de ti.
Mal acabou de falar e Breno avançou em sua direção e a beijou. Compulsivamente o coração dos dois batia no mesmo ritmo, encontrados peito a peito. E ali começou um grande romance. Almas gêmeas e perfeitas. Breno & Margot.

FIM!

28.1.08

Fake Love - "Vale a Pena Ler de Novo"


As Scraps Historys que já foram lançadas no Orkut agora estão sendo publicadas aqui no blog para quem quiser reler ou para quem não esta no Orkut e deixou de ler essas obras. Scrap History a cultura procurando você no Orkut!


Andando tranqüilamente pelo corredor da Escola Armando Jacão, de repente um escorregão. Pá! De fuça no chão. Ricardo já era acostumado a passar por isso. Sempre pagando micos, e atrapalhado que só ele. Era ridicularizado na escola, na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapê... opa me emocionei e misturei a musica com a historia... voltando de onde tínhamos parado, Ricardo estava acima do peso e não conseguia conversar com gurias. Tímido e problemático.Os dias demoravam a acabar. Queria fugir do mundo.
Em uma sexta-feira dessas frias, Ricardinho vai checar seus e-mails’s. Nenhuma novidade, caixa de entrada vazia. Uma visitada no Orkut. Nada de scrap’s. Mas alguém estava lhe adicionando! Um sorriso se firmou em sua face. Resolveu visitar o perfil da pessoa antes de aceitar. Descobriu que se tratava de um “fake”. Tão linda aquela jovem, como poderia ser fake!? Se perguntava a todo instante.

Queria se enganar, e firmou a idéia de que aquilo não era fake.
Uma paixão ardente começou a tomar conta deste gordinho solitário. Adicionou a amada Josecleide Martins. Mandou depoimento, e vário scrap’s. Quem sabe um encontro?! Quem sabe um approach?!

Na mesma noite nada de o sono chegar. Só tinha cabeça para uma coisa. Só ela, só ela, só ela. Dinamitando a mente. Perfurando o coração. As aulas, as tardes, as noites, tudo girava entorno da musa. DA FALSA MUSA...

Toca o sinal do recreio. Direto para a sala dos computadores acessar o Orkut. Deu a “admirada” da manhã e saiu. Só que esqueceu a sua janela do computador aberta. Erro primordial! E azar, pois naquele pc Zé sentou-se, e para quem não sabe, esse era o sujeito que mais pegava no pé de Ricardo. Zé descobriu todos os depoimentos e scrap’s. E em pouco tempo a historia da paixão fake correu pela escola.

Cláudio o diretor da escola tratou logo de falar com o menino. Chamou em sua sala. Perguntou o porque daquilo tudo, o porque se enganar, o porque, o porque, o porque? Todo o esforço para tentar acordar Ricardo! Porém o resultado foi zero. A fake era maior que tudo e todos...

Um aviso foi enviado a família. Imagina o choque para todos, aqueles que criaram o guri com tanto amor e carinho, e ele acabou se apaixonando por um endereço de orkut!! A mãe e o pai conversaram rispidamente a noite inteira. Brigas e mais brigas. E o resultado foi unânime, Ricardo precisava ser internado.

-Mas mãe eu não uso drogas!!

-Você está viciado em Orkut!! Acorda!!

-Eu apenas me apaixonei por uma guria do Orkut.

-Não! Você está apaixonado por uma falsa pessoa desse “iokurt”!

-O coração não mente jamais...

-Aham, vai nessa Ricardo, vai nessa...

-Então não irão me internar né?

-Claro que iremos. Entre no carro agora!

Não teve jeito. O menino foi internado. Clinica Diego Armando Maradona, em uma cidade muito... muito... muito distante.

Computadores falsos, de papelão. Salas vazias. Um bom número de pessoas com faces atordoadas. Essa foi a primeira visão de Ricardinho logo ao chegar a Clinica D.Maradona. E logicamente isso piorou o seu humor.

Dois meses se passaram...

Recebeu alta! Está liberado! Volte para casa Ricardo, volte!!

Era outro rapaz. Não aparentava em nada o menino gordinho, perdido e desanimado de um tempo atrás. Parecia 100% curado da fake, e de tudo que continha um pingo de falsidade em sua vida.

Ah!, mas a vida prega certas peças. E no trajeto casa – escola ele se depara com ninguém mais, ninguém menos que Josecleide Martins! Sim, a fake do Orkut! Ali na rua, a sua frente. A falsa deusa não era falsa!

Resolve se aproximar para conversar. E sai algo estranho:

-Você não sai da minha cabeça! – estranho e doentio esse Ricardo não?!

-Ta loco guri?!

-Desculpa, é que você me adicionou no Orkut e pensei....

-Ah! Mais um!

-Hammm??

-Tu já é o sétimo só hoje que vem com esse papo. Aquela não sou eu. Um ex-namorado meu colocou aquele perfil pornográfico.

-Mas como?! Eu passei por situações extremas por causa da paixão que sinto por ti!

-Simplesmente eu não sou a mulher para você querido. Não sei se percebeu o que faço nessa esquina?! Esse é meu trabalho!!

Naquele momento parecia que uma bala tinha perfurado o jovem e gorduroso coração do menino. A sua paixão foi fake. Depois foi real. Depois trabalhou de prostituta! “Inacreditável!”, gritaria Pedro Ernesto.

Ele seguiu o trajeto rumo a escola. Pensativo e cabisbaixo. E acreditem, esse garoto 20 anos depois se tornou criador de um site de relacionamentos. E nunca mais se apaixonou como daquela vez...

FIM