23.10.08

O emo é brasileiro - Parte 3


17 de agosto, 1994

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Meu pai retornou de viagem. Estava em São Paulo de algumas reuniões da empresa em que trabalha. Ele é gerente responsável pelas lojas que revendem os produtos para o Rio Grande do Sul. Começou como vendedor em uma lojinha na sua cidade natal (Santa Maria) e foi subindo de cargo em cargo até o atual posto. Não vou falar o nome da empresa que ele trabalha, mas saibam que é uma multinacional que fabrica eletrônicos. Daqui a um tempo talvez vocês consigam prever qual é.

O velho entende muito sobre o rock. Já foi a shows de Pink Floyd, U2, Kiss, David Bowie, entre outros nomes mitológicos. Tem uma coleção de discos de invejar muitos por aí. Ele me fez crescer neste meio, impedindo que hoje eu (graças a Deus) não sambe ao som de Só Pra Contrariar.

Alias, quando o Kurt Cobain foi encontrado morto no dia 8 de abril deste ano, meu pai falou algo que acredito tenha sido o grande motivo para eu querer criar um novo caminho pra música. Ele disse assim: “O rock morreu hoje. O rock se matou. A música perde uma continuação em sua história.”

Voltando ao começo do assunto... ELE ESTÁ EM CASA!

Falei da My Tears. Mostrei a composição. Enfim, minúciei a situação inteira para o coroa. Até toquei “bateria imaginária” no sofá. E a reação dele foi a melhor possível. Incentivou e até deu dicas. Pegou o disco do The Cure, o The Head on the Door, de 1985 e disse para eu escutar as faixas 1* e 7* que levaram a banda pras rádios comerciais. (1*- In Between Days; 7* - Close to Me)

Hoje gastei o disco do The Cure. Um dia bem aproveitado, diga-se de passagem. Do meu pai ao Robert Smith em 24 horas...


18 de agosto, 1994

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O dia não poderia ter começado melhor!

No intervalo da escola foi anunciado que acontecerá um Festival de Bandas. O evento vai ser aberto ao público e bandas de outras escolas poderão se inscrever.

Claro, não perdi tempo e fui correndo comunicar o Breno e o Franjinha. Eles reagiram perfeitamente iguais a mim. Com o mais longo sorriso. Essa será a primeira apresentação da nossa banda e do nosso novo estilo.

Na hora a notícia só gerou felicidade, entretanto pouco tempo depois o nervosismo se instaurou de vez. A maior preocupação realmente é o fato de não termos nem ensaiado a música própria “Não te esqueço”, sem contar o fato de eu não ter montado por completo qual seria essa nova tendência do rock.

*Deixei a tarefa de planejar o vestuário com o Franjinha. Ele é o vocalista, então quanto mais agradável se sentir com certeza renderá níveis acima da média.

*O Breno vai ter que criar um nome e alguns símbolos para o movimento. Papel de extrema responsabilidade é a cara deste moleque, a banda confia nele.

*A mim resta marcar os ensaios, finalizar a música e continuar a pesquisa da história do rock....

Amanhã nos reuniremos na minha casa e cada um apresentará sua parte. O caminho começou a ser trilhado.

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