3.2.08

Reflexo Imaginário - "Vale a Pena Ler de Novo"


Na rua Dr. Boa Morte morava Breno. Antes de qualquer coisa vou caracterizar esse rapaz para todos. Ele tinha cabelo negro e mal penteado, se vestia de forma ultrapassada e era gago. É ele era gago! Poucas historias onde gago é o personagem principal, não é mesmo?! Voltando ao que realmente interessa... ele tem 30 anos, mesmo aparentando no máximo 20. Frágil e rosto sempre bem barbeado. Trabalha como carteiro, a mais ou menos 5 anos. Não tem muitos amigos (para não dizer nenhum).

Numa terça-feira o desajeitado sujeito desce do ônibus e vai entregar suas cartas. Entra em uma ruazinha estreita. Casas simples e lindas. Jeitinho de cidade do interior. Quando olha para o endereço ao qual a carta se remetia percebeu algo estranho...

O nome era o seu! Nesse momento fica espantado, e acelera o passo. Chega a frente da residência do suposto “ele mesmo”. Bate palmas e nada de aparecer alguém. De repente um vulto!

Vou voltar um pouco no tempo, para melhor entendimento. Na terça-feira anterior, para ser mais exato. Breno vinha caminhando após mais um dia exaustivo de trabalho. Avistou do outro lado da rua aquela beleza sem limite “flutuando” pela calçada. Era Margot, 25 anos, secretaria do prefeito. Ela não tinha papas na língua, mulher decidida e firme, porém de família pobre nunca conseguiu ter bons estudos, e assim poucas chances profissionais. Seu emprego com o prefeito deve-se mais a sua beleza sensacional.

Pois bem, Breno escolheu quebrar sua timidez e tentar uma aproximação com Margot.

Aproximou-se e:

-Vo-vo-vo-vo você... ta-ta-ta-ta ta bem?!

-O que que é?!

-É que e-e-e-eu so-soso-sou gago, e es-es-tou ne-nene-nene-nervoso.

-Áááááá... que bonitinho...

Foi nesse instante precioso. Esse momento único. Passa o lutador de muaitai e comedor de granola, Jorjão.

-Que que é princesa, esse gago idiota ta te atrapalhando?!

Logo após acabar a pergunta Breno voa no pescoço de Jorjão. Incrível a reação do pequenino homem! Embora toda a beleza da ação, nós sabemos que existe a reação, e posso afirmar que não foi nada legal o desfecho dessa briga.

Sexta-feira, UTI lotada. No quarto número 122 estava alguém com hematomas gigantescos, e na ficha o nome era Breno Garcia. Realmente apagou. Só conseguiu abrir o olho nessa sexta-feira. O médico afirmou, “você recebe alta hoje”, “vá para casa e só volte a trabalhar terça que vem”.

Tonteiras e sensações estranhas. Não se sentia 100% recuperado. Como morava sozinho, se auto sustentava e assim precisava trabalhar de qualquer modo. E é justamente neste momento em que a historia se reencontra.

A carta com seu nome, a casa sem ninguém e de repente o vulto!

Virou-se e viu o que mais temia naquele instante! Era... um cachorro! Sim, o pesadelo de qualquer carteiro! E correu, correu, correu...

E foi no pânico que constatou que gago perde a gagueira no desespero. Nada tão relevante, nessa altura do campeonato foi só o que ocorreu em sua simples cabeça.

Entrou pátio adentro, pulou uma mesa e viu a porta aberta. Não pensou duas vezes, e entrou. O cachorro passou reto e acabou desistindo de atacar. Foi então que percebeu a “H”agada de ter entrado naquela casa! Uma escuridão, e o mistério do nome na carta ser o seu, ainda atacava mais o seu emocional. Sinistro!

A luz liga-se quase automaticamente sua entrada na casa. A escada a esquerda começa a ranger. O suor escorre por sua face. Ele já consegue enxergar a perna da pessoa que desce lentamente. Alias uma perna bem torneada, e com coxas firmes como um zagueiro central. E a hora de saber quem usa seu nome, já que estava na carta o nome completo “Breno Garcia Lopez”, chegava.
Cabelos longos, claros, corpo perfeito. Mirou o seu rosto e a surpresa foi gigante.

Margot!!!

Sim, era a própria Margot. A musa, secretaria do prefeito.

-Po-porque você usa me-meu no-nome na c-a-rta?

-Porque eu queria chamar sua atenção. Imaginei que isso te assustaria, e faria tu entrar de algum modo aqui. Claro, não imaginei que partisse do cachorro esse grande empurrão.

-Ma-ma-mas porque?!

-Gosto de você! Algo forte me apunhalou quando te vi na terça passada. Acho que o amor a primeira vista realmente existe. E como trabalho com o prefeito, consegui descobrir seu nome completo e profissão. Assim foi só bolar um plano para me aproximar de ti.
Mal acabou de falar e Breno avançou em sua direção e a beijou. Compulsivamente o coração dos dois batia no mesmo ritmo, encontrados peito a peito. E ali começou um grande romance. Almas gêmeas e perfeitas. Breno & Margot.

FIM!

2 comentários:

M. [doc] B. disse...

Breno & Margot, dá um ótimo nome para um livro.
Jamais imaginei, no decorrer da leitura, que os dois iriam acabar juntos dirá que Breno iria tomar a ação de avançar em cima dela e dali um beijo! Imaginei algo mais louco do lado da Margot como rasgar a farda do Breno, joga-lo em sua e dançar pra ele. HaaHAhahHAHhahHHAhha Não liga, loucuras minhas! :P

Ah, mas eu adorei, viu? Como sempre maravilhoso e me tirando ótimos sorrisos. :)
Jorgão? Mó macho, hein? kkkkkkk


Bom carnaval! :D

M. [doc] B. disse...

Ah, Brunooo, você pode falar mal de Porto Alegre nesta época, mas não pode negar a beleza da sua cidade durante o resto do ano. Que cidade mais linda e cheia de encantos. Desde que fui visitar aí pela primeira vez sonho em sempre ficar retornando aí.

Ano que vem você faz diferente, no carnaval vem passar com a gente aqui! :D
Tem ótimos lugares e você vai adorar!

Beijo, querido! =*