O Artilheiro Pofessoa

Luiz Henrique, esse era um cara legal. Gente fina. Só era um tanto estranho. Tinha um sotaque de algum lugar ao qual ninguém conseguia identificar. Alguns boatos rolavam com a historia de que ele havia morado em Santa Catarina e depois se mudou para Porto Alegre. Porém como falei eram boatos, não da para confiar 100%.

Ele estudava na minha escola, e mais do que isso, era meu colega de sala. Luiz além do sotaque irreconhecível tinha também a língua presa e mais alguns probleminhas de dicção. Ao chamar a professora na sala, o som emitido foi "Pofessoooa!". Deu, foi o necessário para um apelido, Pofessoa. Um apelido "redondo" e "mole" como seu físico. O cara era alto e totalmente molengão. Nunca havia feito um gol em sua vida. E é esse detalhe ao qual quero me apegar.

Um dia bonito, daqueles com sol mas sem um calor escaldante. Perfeito para a aula de Educação Física! Gurizada reunida, dividiu-se os times. Eu, o Cassol, o Coelho, ..., e ninguém mais ninguém menos do que Pofessoa, completavam um time. Consideravelmente um bom time.

Todos apostos e começa o jogo. Joguinho pegado aquele. Todos felizes, sem entradas maldosas. Cassol bate forte e o goleiro espalma para o escanteio. Todo mundo na área, todo mundo marcado. Todos menos um. Coelho bateu para dentro da área, e a bola quicou em câmera lenta. Passou por mim, me virei e vi ela parada a frente do único jogador não marcado. Pofessoa. Ele mirou o goleiro com uma raiva e uma vontade impressionante. Puxou sua leve e molenga perna e chutou. E o gol aconteceu. Todo meu time saiu correndo e comemorando juntamente com Pofessoa. E se não me engano o outro time mostrava felicidade no rosto após ver o grande Luiz "Pofessoa" Henrique marcar seu primeiro gol da vida.

Nunca mais vi ou falei com ele. Pode ser um grande marcador de gols hoje em dia, nunca se sabe não é mesmo? Porém aquele dia eu descobri que a felicidade não esta em coisas grandes, está em momentos simples e verdadeiros. Aposto que daquele gol ele se lembra até hoje, assim como eu.